A maneira certa (ou tolerância zero!)

Quando era jovem e ingénua, eu desconhecia que há só uma maneira certa de fazer as coisas. Até para um acto tão prosaico como descascar uma cenoura existe uma lista de procedimentos e uma ordem dos mesmos que deve ser respeitada. Já agora sempre vos ensino, para este blog poder continuar a caber na lista dos blogs didácticos.
1º - pega-se na cenoura com uma mão e numa faca suficientemente afiada com a outra mão (aqui deixemos um grauzinho de liberdade para os que são canhotos e não vão pegar nestas duas coisas como pegam os destros, ou seja, cenoura na mão esquerda, faca na direita; o conceito “suficientemente afiada” também fica ao critério do operador, já que nem toda a gente pode pagar a um afiador decente, que leva os olhos da cara – e de liberdades estamos conversados!)
2º - com a faca cortam-se as extremidades da cenoura, desperdiçando o menos possível, que a cenoura é um legume moderadamente caro.
3º - com um descascador de cenouras (e aqui meus amigos a tolerância é zero, não pode ser uma faca, nem uma lima, nem uma lixa, nada, só mesmo um descascador adequado e que não tire “lascas” muito grossas, pela razão da cotação da cenoura, já atrás referida) descasca-se a cenoura em movimentos ritmados (isto para atingir uma produtividade aceitável), começando na parte mais grossa e acabando na extremidade mais fina. Convém não repetir trajectória nenhuma, também para evitar o desperdício.
Parece simples, não é? E no entanto quanto trabalho e experimentação não estarão aqui condensados nestas simples instruções? Experimentem, meus amigos e verão o tempo que poderão poupar seguindo estes preceitos, para já não falar na diminuição dos gastos em cenoura.

Moral da história:
Quando estiveres a descascar uma cenoura, se alguém se abeirar de ti e te quiser ensinar a descascá-la pelo método mais correcto, foge a sete pés e nunca, mas nunca olhes para trás! Porque, podes crer, o melhor mesmo que te poderá acontecer depois dessa lição é a sodomia – tudo o resto será muito pior!