Thursday, February 23, 2006

Dança e não só

Já não sei quando nem porquê comecei a gostar daquela miúda – talvez pela maneira como ela se dá aos outros e cativa os alunos para o seu mundo, as artes, a dança em particular, o movimento dos corpos com sentido – seria esta a minha definição de dança, se ma pedissem.

A verdade é que M. começou a dançar antes mesmo de andar: fraldas enchumaçando o rabiosque gordo e já se abanava ao som da melodia que saía da caixinha de música pendurada na cama de grades. Mal se tinha de pé, mas tenho a certeza que já dançava. Por isso a sua relativamente fácil progressão na dança nem me surpreendeu. Mas, ainda assim… Sem a mão que nos dão no momento certo o mais provável é que resvalemos pela ribanceira, não que a consigamos subir airosamente. A mão certa foi a de Z. Um misto de paciência, persistência, rigor e muita brincadeira à mistura e M. começou a gostar a sério de dança, a não passar sem ela. Um vício? Talvez. E depois? Talvez um vício bendito, se é que os há assim catalogáveis. Que a faz crescer, rir e ser capaz de sonhar, com os pés bem assentes na terra.

Ontem Z. mostrou-me o texto que vai usar para o bailado deste ano (bailado não, talvez peça). Era sobre a solidão. De Chico Buarque. E eu tinha uma frase para a troca, do mais cru que se possa imaginar. Disse-a e Z. a custo conteve o choro, tão fortemente a sentiu. Lamentei não ter ficado calada. Tenho agora que compensá-la com palavras de esperança e de luz.
Desculpem-me, vou já, já, procurá-las!

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